Com 24 semanas eu descobri a cardiopatia do Miguel, a mais complexa que existe: cardiopatia síndrome hipoplasica do ventrículo esquerdo. A parte esquerda do coração dele não desenvolveu. Com isso a criança tem que fazer uma cirurgia logo que nasce em um centro de referência. Somos de Pouso Alegre e fomos até São Paulo, para a Beneficência Portuguesa.
Com 35 semanas eu estava com muito problemas na gestação. Estava na cadeira de rodas, não comia e minha pressão subiu muito. Foi agendada cesárea de urgência. Tive eles no dia 28 de Março de 2019. Assim que nasceram os dois, já foram para a UTI, no dia seguinte eu também fui. Acabei tendo a síndrome help. Fiquei 7 dias na UTI.
O Miguel nasceu com 2050g e o Rafa com 2Kg.
A primeira grande cirurgia do Miguel teria que ser com 3Kg e o pulmão deveria estar bem maduro. Aos 15 dias de vida o Miguel fez uma cirurgia cardíaca (bandagem) para que conseguisse sobreviver até a próxima cirurgia e que ganhesse peso. Foi realizada com sucesso, porém ele teve que ficar 1 mês intubado.
Com 1 mês de vida foi para a cirurgia (noorwod), ainda não estava com o peso ideal (2,5Kg), mas não havia outra opção. Fez essa cirurgia e tudo ficou bem. Teve que ficar mais um mês na UTI, mas deu tudo certo, graças a Deus. Fomos para o quarto e esperamos ele completar 4 meses e 4Kg para ele poder fazer uma nova cirurgia que se chama Gleen.
Miguel teve uma infecção, voltou para a UTI e realizou essa nova cirurgia. Foi complicada, demorou cerca de 10 horas, mas mais uma vez ele surpreendeu e ficou excelente. Como já era a terceira incisão, durante a fisioterapia o peito dele abriu e teve que voltar para o centro cirúrgico e fechar a ferida. Mais uma vez Deus no controle. Depois disso ficamos mais uns dias na UTI e tivemos alta para ir para o quarto.
O Miguel, desde que nasceu, não mamou por via oral, não aceitava, então ele ficou até 4 meses e 20 dias de sonda. Tiramos a sonda praticamente na alta, com muita insistência. Enquanto isso, o Rafael ficou com a minha mãe em um apartamento que alugamos. Com três meses de vida, descobrimos que o Rafael também é cardiopata, porém mais simples.
Com tudo isso, conseguimos vencer com 5 meses de vida e tivemos a grande alta.
Miguel faz fisioterapia e conseguiu tirar o atraso das internações, das cirurgias e ambos estão se desenvolvendo muito bem. Fazemos todo acompanhamento em São Paulo. Periodicamente com consultas e exames para constatar que está tudo correto.
Aos 2,5 a 3,5 anos, Miguel fará outra cirurgia. Se chama cirurgia de Fontan que só com essa cirurgia ele fiará mais estável e terá uma vida. Hoje em dia, aqui no Brasil, o adolescente mais velho com essa cardiopatia do Miguel tem 21 anos. Ainda não sabemos como será. Acreditamos em Deus e que a medicina vai avançando cada vez mais, pq até então todas as crianças com essa cardiopatia não sobreviviam.
Obrigada Gabriel por ser esse pai maravilhoso. Agradeço ao meu filho Rafael, lindo da mãe, que é tão bonzinho para que a mamãe pudesse cuidar do irmão. Vovó e vovô que deixaram tudo para nos acompanhar. Miguel, meu guerreiro, que veio para ficar!”
E é com esse relato que a Me Two deseja amor multiplicado, muita saúde e força para o Miguel e toda a família!
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 30 mil crianças nascem com alguma doença cardíaca no Brasil anualmente, sendo que um a cada 100 nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita. A condição do Miguel é apenas um em cerca de cinquenta tipos de más-formações cardíacas e a maioria pode ser detectada no período de gestação por meio de exames como o ecocardiograma fetal.
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