Nós, mulheres, estamos mais acostumadas a trocar tanto conselhos quanto lamentos umas com as outras: imagina propor um encontro em que homens pudessem também fazer essa troca? Foi o que rolou no 1º Workshop Nacional de Gêmeos e Múltiplos Me Two, no último sábado, em Gramado. Uma das 11 mesas formadas na tarde do evento foi para debater o papel do pai na criação de mais de um filho. Aqui, vamos contar um pouco dos temas mais abordados. E vamos torcer para você aí se identificar também!
A mesa de pais do workshop foi mediada por dois pais de gêmeos, maridos de duas sócias da Me Two. O administrador de empresas Bruno Schneider, pai da Isabela e do Gabriel, 6 anos, e o empresário André Fambeiler, pai do Nicholas e do Thomas, 4 anos, ouviram histórias, contaram as suas e saíram de lá horas depois com mais experiências a compartilhar.
O público da mesa de conversa trazia mulheres, sim, mas os 20% do público de participantes masculinos (média da plateia do Workshop) estava em peso lá. Na grande maioria, pais de gêmeos bem pequenos, alguns “grávidos” e todos com suas particularidades, mas muita coisa em comum.
— Percebi que as dúvidas e as angústias são as mesmas que eu tinha quando os meninos eram bebês. No fim das contas, tudo se supera com tranquilidade, conversa e amor. As coisas vão entrando no caminho correto com o passar do tempo. Ouvir outras pessoas e suas outras soluções para os mesmos problemas é sempre muito interessante — avaliou André.
Quando alguém está tão nervoso que nem sabe por onde começar, qual é o primeiro conselho que alguém dá? Pare e respire! Pois aqui não é diferente. Uma dúvida que apareceu na mesa sobre o papel do pai foi: nem sei o que fazer quando chegar em casa do hospital após a alta. Então, hora de voltar ao conselho básico.
— Realmente, nos primeiros dias apresentamos mais ansiedade por ser algo totalmente novo. Isso é natural como qualquer outra coisa nova que acontece em nossas vidas! Mas faz parte da nossa natureza ter filhos e nestes momentos precisamos seguir os nossos instintos paternos. Com a quantidade de informação acessível hoje em dia, nos preocupamos demais se estamos fazendo a coisa certa. Quando não existe a coisa certa, existe o que acreditamos ser melhor — reflete Bruno.
A principal dica é manter a tranquilidade, a serenidade e dar aconchego e carinho para os bebês e para a mãe. Como comentou Bruno, basta pensar e lembrar que quando éramos crianças não recebemos metade do conforto, orientação e cuidados que nossos filhos recebem hoje.
— Então precisamos relaxar e curtir o momento. A família precisa neste momento do papel carinhoso e protetor do pai — opina.
Outra dica é assumir o papel mais racional e menos emocional, pois as mulheres ainda estão sob efeitos de hormônios e mais sensíveis pós-parto, certo? Seguir as orientações da pediatra ficando muito atento à rotina.
— Afinal, nesta fase eles fazem só três coisas, se alimentam, dormem e fazem as necessidades. Não podemos ver isso com tanta complexidade, né? — brinca Bruno, descontraindo a tensão. — Por fim, conversem muito com os bebês e verão como eles reagem a nossa voz.
O homem pai de gêmeos e múltiplos é, portanto, “forçado pela necessidade” a ser participativo. Mas quem estava na mesa destacou que é possível dividir “por vontade própria”. Que tal pensar em “como posso colaborar”, pelo menos com uma atividade? Acaba ficando naturalmente com o pai afazeres que exigem mais força física (tarefas mais “pesadas”), mas também é possível deixar pré-determinando que necessidades como cortar unhas ou o banho dos bebês fiquem com o homem.
Já parou para pensar que, se fosse um filho único, talvez nem o banho fosse com o pai? Sim, é comum ser tudo com a mãe. Mas a paternidade gemelar exige uma divisão de tarefas constante. Avalie o quanto de demandas fixas a mãe de gêmeos tem e proponha o que cada um pode fazer para somar. Os pais presentes relataram como funciona a divisão de tarefas em suas casas.
“Nem sei como pegar no colo”, admitiu um homem prestes a ser pai. Outra mãe participante da mesa conta que é separada do marido e o pai das crianças é ausente. Ela relata que ele tinha medo de pegar os bebês e hoje em dia também não fica com os filhos sozinho. Você que está lendo até aqui, não quer que isso aconteça com você, não é mesmo? Portanto, já sabe que precisa começar desde o primeiro dia. Nestas situações em que a mulher assume mais responsabilidades, apareceram três perfis, conforme o mediador Bruno:
— A primeira é quando a ficha de pai não caiu e o homem tem um certo bloqueio. Como a mãe que se separou e decidiu que seria melhor tocar adiante sozinha com apoio da sua família. No segundo, a ficha do pai caiu após alguns anos e só neste momento ele passou a participar mais ativamente. No terceiro o pai assumiu uma ou duas tarefas. Na minha opinião, o diálogo é muito importante, e quando isso acontece a definição em comum acordo de algumas tarefas, por menores que sejam, já aliviam a intensidade de trabalho da mãe e propiciam a ela um mínimo momento de descanso e inicia uma relação emocional do pai com os filhos — exemplifica.
Podem ser diversas as tarefas, hora do banho, cortar as unhas, a mamada do sono, arrotar… São inúmeras possibilidades que vão aproximar a família e tirar um pouco o peso da mãe. Que tal? Não espere ser tarde demais!
Com raras exceções, os pais da mesa do Workshop comentaram sobre terem presença ativa com a criação das crianças. A frequência paterna na vida das crianças é um dos pontos positivos. É de extrema importância estar presente nas brincadeiras, de corpo e alma (largue o celular, obviamente). Crianças um pouco maiores vão se beneficiar muito do toque, do contato corporal, então é hora de aproveitar toda essa sua energia física para as atividades que exigem movimento, que tal? Faça com eles tudo o que for possível para ter momentos só seus com eles quando são pequenos. O esporte é uma boa indicação para esta finalidade!
Na palestra imediatamente anterior ao início das mesas de bate-papo no workshop, a pediatra dra. Rosa Moll fez uma afirmação: pais de gêmeos e múltiplos são mais felizes. Isso porque são realmente forçados a participar da criação dos filhos e, assim, desenvolvem mais laços e mais afeto, sentindo-se mais valorizados também, já que a mãe sozinha não consegue atender aos dois ao mesmo tempo sempre. Os homens do encontro concordaram?
— Concordamos plenamente! São mais felizes pelo mesmo motivo das mães: amor em dobro — comenta Bruno.
Quem tem filhos gêmeos não imagina como é ter um só, não é mesmo?
—Parece que falta algo quando ficamos com apenas um deles — diz o pai da Isabela e do Gabriel. — São dois abraços quando se chega do trabalho, dois desenhos, dois carinhos, dois beijos de bom dia…. como não ser mais feliz?
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