Elas concluíram que atualmente as escolas estão mais abertas a esta questão, que até muito pouco tempo atrás estava restrita a uma única decisão: os gêmeos devem estudar em turmas diferentes.
“Hoje em dia é preciso flexibilizar as necessidades da comunidade e principalmente aprender e ouvir as famílias. A escola não pode se fechar na zona de conforto”, defende Sônia.
No evento, Andréia narrou a trajetória que passou até poder ver seus filhos juntos na mesma turma. Mãe dos gêmeos Benjamin e Gabriela, de 4 anos, a psicóloga especialista em infância e adolescência procurou a escola em Porto Alegre na qual desejava matricular a dupla. Tinha identificação com a proposta pedagógica do colégio e no primeiro momento ouviu que não existia a possibilidade de mantê-los na mesma sala de aula.
“Eu tinha a ideia de que a escola iria acolher a nossa causa de primeira. Mas não foi bem assim. Ouvi que era preciso valorizar as individualidades das crianças. Saí de lá chateada, mas pensei que iria adiante na conversa. Eu não conseguia imaginá-los separados”, explicou.
Andréia encontrou outra mãe de gêmeos que também desejava manter os filhos juntos. Elas encontraram então a coordenadora educacional Sônia e, juntas, tentaram encontrar uma solução. Após três meses de reuniões e avaliações, em que parte dos profissionais concordava com a união e outros pela separação em duas turmas, optou-se por manter os irmãos juntos e a experiência tem sido muito proveitosa.
“Em vários casos, porém, os próprios pais chegam à escola pedindo que os irmãos fiquem em turmas distintas, por questões de comportamento de cada criança dentro de casa”, informou Sônia. “O que venho observando é que hoje em dia precisamos abrir a escuta para o que as famílias nos trazem”.
Sônia relata que é interessante perceber que os gêmeos que estudam na mesma turma demonstram uma capacidade de estarem juntos com suas individualidades preservadas em sala de aula, por exemplo separados na hora das tarefas. Em seguida reencontram-se de forma lúdica no pátio para brincar no intervalo e também escolheram atividades esportivas distintas no contraturno, cada um feliz e dando conta de seus próprios desejos e interesses.
Andréia relatou que a postura da escola em ouvir as demandas dos pais demonstra respeito e parceria. E que o fato dos irmãos estudarem juntos não impede que eles estejam desenvolvendo suas individualidades mesmo assim.
“Hoje me sinto hoje muito respeitada dentro do colégio porque entendo que foi uma escola que se permitiu abrir o pensar e aceitar novas possibilidades e principalmente entender que o trabalho da educação tem que ser em conjunto com as famílias. Meus filhos agora estão no terceiro ano da Educação Infantil, com 4 anos, e estamos sempre tentando ajudá-los nas dificuldades que eles tenham, pois não é tudo florido o tempo todo, mas a escola conversa sempre que pedimos”, concluiu Andréia.
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1 Comment
Adorei a matéria e me identifiquei muito, pois também aconteceu comigo. Lutei até consegui que as minhas gêmeas estudassem juntas. Não me arrependo! Essa história de que um anula o outro…. vamos dizer que cada caso é um caso. No meu, uma impulsiona a outra. Cada uma tem uma personalidade e seu jeito único de ser, que não interfere no desenvolvimento da outra.