Adulto consciente + ambiente preparado = criança equilibrada. Este é o tripé base da filosofia de Maria Montessori (1870-1952). Ela foi a foi a primeira mulher a se formar em medicina na Itália, depois especializou-se em Psiquiatria e Educação. Para ela, toda a criança tem uma natureza perfeita, equilibrada, que lhe permite a autoaprendizagem.
No espaço físico, este conceito se traduz em um ambiente preparado: deve ser simples, belo, ordenado, para que assim a criança cresça. Deve ter coisas interessantes para ela em todos os cômodos da casa, na altura de seus olhos e de possível acesso, sem necessitar do adulto.
A arquiteta e propagadora do método Montessori Luise Rabelo aplica os preceitos desta filosofia em casa com o filho Nicolas, de 2 anos, e em muitas consultorias presenciais ou online. No ano passado, ela realizou uma assessoria para adaptar o método Montessori na casa da educadora física Barbara Calza, mãe dos gêmeos Mathias e Vicente, que estavam com 2 anos e 2 meses. Em Montessori, não é somente o quarto que deve ser preparado para a criança e sim, a casa toda. A casa deve receber a criança como um indivíduo que mora ali como todos os outros.
Acompanhe a seguir os destaques deste trabalho e inspire-se para a sua casa com as crianças!
Aqui você vê os meninos concentrados e envolvidos cada um no seu trabalho, sem “atrapalhar” o trabalho do outro, como aponta Luise. Também mostra a mesa na altura deles, para que tenham autonomia de sentar e sair quando quiserem.
– Esses são dois pontos bem importantes do método: concentração e autonomia. Montessori dizia que a brincadeira é o trabalho da criança, onde ele está se autoconstruindo, logo, deve ser respeitada, tanto pelos adultos como pelas outras crianças – afirma Luise. – A autonomia permite que a criança tenha liberdade de fazer o que quer, quando quer, pelo tempo que quer, assim desenvolvendo em si o que seu instinto natural lhe pede, sem depender do adulto o tempo todo.
Aqui, você vê nas fotos a sala em dois ângulos antes da seleção de brinquedos.
A primeira parte da consultoria foi uma conversa com a família, a segunda foi a seleção de brinquedos e preparação da casa para a criança. No entanto, isso não quer dizer que a casa deva estar lotada de brinquedos, pelo contrário: a criança pequena não tem maturidade de escolher entre tantas opções, devemos deixar poucos e bons itens à disposição. Com menos alternativas, as crianças se focam e se concentram mais tempo nos que estão disponíveis e bagunçam menos. Veja como ficou depois da organização:
A mãe dos gêmeos aprovou muito a intervenção:
– Além de orientar como preparar a casa e como selecionar os brinquedos das crianças, também auxilia a família a pensar e agir de forma mais consciente, de maneira mais harmoniosa e permitindo o melhor desenvolvimento deles – conta Barbara Calza, educadora física, mãe de Mathias e Vicente.
Em Montessori, evitamos usar caixas, baús, etc… Preferimos estante e prateleiras para que os objetos e brinquedos da criança fiquem ordenados e todos à mostra. Isso facilita o processo de escolha da criança, explica Luise, e também a organização do ambiente. Quando ficam em caixas, baús ou em volume grande, a criança simplesmente tira de dentro para ver o que tem, não por que está interessada em usar.
Este quarto não foi projetado por Luise, mas está 100% de acordo com os preceitos montessorianos. As camas baixinhas permitem que a criança fique livre para entrar e sair quando quiser.
– Montessori dizia que o choro pedindo para sair do berço é um estresse desnecessário para a criança e se permitirmos que ela fique livre podemos ter a deliciosa surpresa de encontrá-la já acordada brincando sozinha – explica a consultora.
O quarto deve ser um local de sossego, logo, as prateleiras para livros no quarto são uma ótima opção. Na altura das crianças, claro, para que possam escolher o que querem ler. Aqui vale o mesmo que os brinquedos: poucos e bons livros. Montessori defendia que o mobiliário deve ser na altura das crianças para que possam exercitar a autonomia e ter liberdade de escolher entre as peças de roupa que os adultos pré-selecionam para elas. Destinar algumas gavetas ou prateleiras de um armário de tamanho normal tem o mesmo efeito, como fizeram aqui. O importante é que a criança tenha acesso.
A criança gosta do rosto humano e é importante que ela reconheça o seu próprio rosto. Existem espelhos de acrílico, mas o de vidro também pode ser usado se instalado de maneira adequada e segura. Quando a criança ainda não fica em pé, o espelho deve ser colocado na horizontal e, depois, quando começa a caminhar, na vertical, acompanhando seu crescimento.
Luise mostra que até os lápis/giz/canetinhas devem ser poucas unidades para facilitar a escolha da criança pequena e a organização. À medida em que os filhos vão crescendo, vamos oferecendo mais opções.
Quer saber mais sobre o método Montessori? Luise Rabelo lançou um e-book sobre o tema, uma compilação dos principais pontos do método para pais, mães e educadores. Clique aqui para baixar.
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