Para responder a esta pergunta, a psicóloga especializada em primeiríssima infância Fernanda Lucchese – fundadora do Baby Brain Institute – ministrou palestra na noite de terça-feira (4 de setembro) dentro da programação da Escola de Pais do Instituto Ling, em Porto Alegre, com curadoria da Me Two.
A seguir, separamos os principais destaques da palestra para você ficar por dentro do tema.
O peso do cérebro triplica nos dois primeiros anos. É um crescimento muito rápido! E os primeiros três anos representam o maior número de conexões cerebrais. Esta é a chamada primeiríssima infância, também conhecida como 1.000 dias. Nesta fase, todas as conexões que não são feitas (isto é, os neurônios que não são usados) morrem. Em contrapartida, crianças que nesta etapa são expostas a diferentes atividades, por exemplo, terão mais capacidade para desenvolver habilidades depois. O pico do desenvolvimento cerebral de um ser humano começa dos 6 aos 11 meses do bebê e vai até os 6 ou 7 anos.
É hora de falarmos dos chamados “marcos do desenvolvimento”: os pais precisam reconhecer o que os bebês devem estar fazendo em cada faixa etária. Quando a criança deve rolar, manter firme a cabecinha, sentar, formar as primeiras palavras…
– Essas fases são importantes para todos os bebês, mas cabe salientar que cada criança pode ter características específicas. Algumas são mais motoras, outras são mais verbais. Isso é normal. O importante é ter essa noção de periodicidade no desenvolvimento, pois estes marcos devem ser cumpridos – afirma Fernanda.
Amor e atenção, nutrição, saúde, sono, consistência (rotinas diárias), interação e aprendizado, estimulando todas as áreas de desenvolvimento. O que os pais e cuidadores devem fazer? Falar, cantar, ler, dialogar com a criança, toque, abraço, massagem e manipulação de objetos, exploração visual, de figuras e objetos, movimentação, exploração, pular, brincar, chutar bola…
– Não se trata de comprar mais brinquedos. O mais importante são os brinquedos sem pilha, aqueles que permitem que o adulto interaja com a criança. Os eletrônicos já vêm com tudo pronto, a música, as ações, as falas. A ideia é que os pais sentem com os filhos e mostrem as cores, as formas, os animais, contem histórias, usem blocos, como por exemplo montar uma cidade, construir prédios… – exemplifica a psicóloga especializada em primeira infância.
Como brincar? De 20 a 30 minutos por dia com os pais sentados no chão com seus bebês já influencia no desenvolvimento da criança, da cognição e da linguagem.
E mais um ponto essencial: deixe o celular longe nestes momentos!
Nossos bebês já nasceram condicionados a usar a tecnologia, ou seja, Fernanda salienta que não é necessário colocar um bebê na frente de um tablet para ele aprender a mexer. A Academia Americana de Pediatria recomenda o não uso de telas até os 18 meses dos bebês. Vamos levar isso a sério, papais e mamães?
– A tela estimula muito o cérebro. O cérebro fica hiperestimulado, acelerado. Um bebê que recebe estímulos visuais e sonoros ficará habituado a tal comportamento, então alguns anos depois não vai conseguir ficar sentado e ter momentos calmos, e depois na idade escolar não consegue ficar parado na sala de aula, poderá ter dificuldade para ler e outras situações – explica a especialista.
Aqui na Me Two, já falamos algumas vezes sobre a importância da rotina para pais e mães de gêmeos. E a psicóloga Fernanda reforça as orientações: é preciso oferecer consistência na criação dos bebês.
– Funciona para que a criança saiba o que esperar no dia a dia em todas as suas necessidades básicas. E também com uma rotina consistente, o bebê aprende a esperar – conclui.
– O papel do pai na criação de gêmeos é extremamente importante. A mãe de gêmeos e múltiplos precisa do parceiro, ela precisa de outros cuidadores para dar conta. Ele se envolve em todos os aspectos do dia a dia da criança e como educador, além da estimulação da criança. A mãe está com um bebê no colo, o o pai está com o outro também – afirmou Fernanda na palestra, exemplificando a participação do pai mostrando o vídeo da família famosa conhecida como #TheBabyGang, que são trigêmeos.
Os irmãos gêmeos conversam de um jeito único entre eles
Eles têm mais oportunidades de desenvolver a comunicação desde a barriga, entram em sintonia um com o outro desde cedo. Sobre a linguagem particular dos bebês, Fernanda mostrou o vídeo dos “talking twins“, que viralizou há alguns anos e mostra como é uma conversa entre gêmeos (e arrancou risos da plateia).
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